segunda-feira, 7 de junho de 2010

Resenha do filme Deu a louca na Chapeuzinho

O filme lançado em 2005, dirigido por Cory Edwards, gerou muitas expectativas em crianças de todas as idades. Mas o enredo nos revela uma menina nem tão inocente, um lobo nem tão mau, um lenhador nada agressivo e uma vovó esportista. São surpresas que cativam a atenção de todos.
Porém, o filme não é só direcionado às crianças. O que diferencia a produção, é que as cenas baseadas na história tradicional são mostradas sob todos os pontos de vista, ou seja, a chapeuzinho conta a sua versão, o lobo a sua, assim como a vovó e o lenhador também. E, no final, descobre-se que o vilão da trama é um aparentemente inofensivo coelhinho, que até ali de nada influenciava na história. Mas, ao assistirmos as versões dos fatos separadamente, sem ter conhecimento das outras, essa aparenta ser verdadeira, independente de qual for. Se assistirmos somente a versão da vovó, vamos acreditar nela. Se for só a do lobo, aos seus olhos, essa será a verdadeira. E realmente são. Mas estão incompletas, lhe falta algo para que possa ser compreendida em sua totalidade, então já não podemos dizer que ela é verdadeira, pois apresenta lacunas.
Relacionando com nossas vidas, e principalmente com o jornalismo, isso acontece muito. A imprensa, de uma forma geral, relata e modela os acontecimentos somente através dos seus olhos, e não busca aprofundar-se e investigar, analisando diversos relatos, em busca da real verdade. Mas e até que ponto podemos dizer que uma afirmação é verdadeira? Parece redundância, mas como podemos dizer que algo é verdadeiro, se não temos o domínio sobre ele, e se não avaliamos e o investigamos desde suas origens?
A palavra verdade é de uma complexidade enorme. No filme, as versões contadas pelos quatro personagens estavam corretas, mas existia algo em comum, que as interligava. E esse algo em comum as completava, e as une em uma só história. Essa é uma questão que deve ser amplamente debatida. O relato da Chapeuzinho está correto, mas não é 100% verdade. Então, a expressão mais adequada, é dizermos que essa é uma informação, ou seja, em vez de dizermos que é verdade (então significa verdade absoluta, inquestionável), consideramos que, até o momento, sabe-se que... até o momento, tem-se conhecimento de que...Essa é a forma mais adequada, pois o ser humano, em sua totalidade, não tem capacidade suficiente de absorver todas as informações necessárias para dizer que algo é verdadeiro, e, de certo modo, isso é bom. A partir do momento em que puder afirmar que essa é a verdade, será que o homem não se acomodará, e cessará a busca pelo conhecimento e pela verdade da vida?

Postado por Fabricio Carvalho

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